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Tendo como tema a expansão marítima, este blogue pretende ser um pequeno espaço de partilha de curiosidades e interesses que não foram abordados em sala de aula mas que não deixam de ser um pouco da nossa história. Para dificultar a tarefa aos nossos alunos, a este projeto juntaram-se os professores de línguas estrangeiras e este nosso espaço poderá ser lido em inglês e espanhol.

Ana Matias, Marilía Poeiras, Cristina Girão, Sofia Rosado e Pedro Gomes

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A Arte Namban...

Figura 1 - Biombo, período Momoyama, 1593-1600

                                    Figura 2
                      Pormenor de biombos
                mostrando os "bárbaros do Sul" 
       atribuídos a Kano Domi, entre 1593 e 1600
A origem do nome “Namban” vem de “Namban-jin”, ou “bárbaros do sul”, termo com que os japoneses apelidaram os portugueses, quando estes chegaram ao arquipélago em 1543. Esta palavra passou então a ser sinónimo, na História da Arte japonesa, das obras de arte que surgiram após os primeiros contactos entre os japoneses e cristãos, principalmente durante o “século cristão”.
A pintura desenvolvida neste período foi principalmente ligada à arte sacra e à evangelização (influência dos jesuítas sobre os japoneses) e biombos, e foi desenvolvida a Escola de Kalo, para o aperfeiçoamento desta arte.
Figura 3
"Bárbaros do Sul" atribuídos a Kano Naizen, 1570-1616
Os temas representados nas obras de arte eram principalmente da chegada dos portugueses ao Japão, dos portugueses que faziam trocas comerciais entre a China e o Japão ou os portugueses a efetuarem trocas comercias nas zonas locais. A chegada da nau de trato com pessoas e objetos exóticos a bordo serviu de tema de inspiração dos biombos (“byobu”) namban.
Estas obras da arte namban, revelam a circulação de pessoas, objetos e materiais, assim como os mecanismos complexos de encomenda e a rede de trocas comercias que existiam durante a primeira globalização da economia.
      Uma das maiores coleções de arte namban está preservada no Museu da cidade de Kobe, no Japão. No entanto, também, em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga se pode ver uma importante coleção de biombos namban que mostram portugueses a negociar com japoneses.      

        



A poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu o seguinte poema para descrever os biombos namban utilizando metáforas para mostrar a sua preferência pelos japoneses.

Os biombos Namban contam
A história alegre das navegações
Pasmo de povos de repente
Frente a frente

Alvoroço de quem vê
O tão longe tão de pé

Laca e leque
Kimono camélia
Perfeição esmero
E o sabor de tempero

Cerimónias mesuras
Nipónicas finuras
Malícia perante
Narigudas figuras
Inchados calções

Enquanto no alto
Das mastreações
Fazem pinos dão saltos
Os ágeis acrobatas
das navegações

Dançam de alegria
Porque o mundo encontrado
É muito mais belo
Do que o imaginado
Sophia de Mello Breyner Andresen
Fontes:  

                   Beatriz Alexandre, 8ºAnoA

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